segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

20120101 Borboleta no Ipad

Esta foto foi feita em Caxias, MA, no hotel Alecrim. Logo que cheguei percebi que havia muitas borboletas ao redor do hotel e até dentro.
Acessei meu fotolog e deixei exposta uma flor que tirei no Chile. Não demorou muito para uma borboleta aparecer e me pedir ajuda para subir no IPAD.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

O rato e o político

Certo dia, a Suzana foi visitar a horta comunitária do seu condomínio de luxo. Ela com mais duas madames caminham diariamente tentando reduzir a gordura adiposa na altura da cintura, das coxas, dos braços...
 Admiravam o cuidado das crianças com as hortaliças. Teorizavam sobre o valor daquele trabalho para a dignidade infantil e enchiam de elogios o síndico do condomínio.
Era fim de tarde, sol já indo descansar.
De tanto ouvir tanto mimo com a horta, um inocente ratinho saiu do buraco do muro. Ali era o seu território. Aquela horta também era dele. Dali alimentavam-se ele, seus pais e uma ninhada de irmãos ratinhos. Todos rechuchudinhos, marronzinhos e inofensivos.
- Inofensivos? – Foi o grito da Suzana ao ler esse parágrafo.
Movido pela curiosidade, o bichinho se aproximou, por detrás das madames, e ficou ouvindo atentamente os elogios. Ele também gostava do trabalho das crianças. Sentia enorme gratidão de elas plantarem hortaliças bem gostosas e nutritivas. Elogiava-as por elas terem plantado aquele banquete justamente na porta da sua casa.
Embevecido com os comentários e confiante na bondade das madames, o ratinho resolveu adiantar uns passinhos e se enroscou no pé da Suzana. Aí lascou. Ela deu um pulão tão alto, mas tão alto, que o ratinho nunca imaginou que bicho tão grande e tão pesado pudesse pular tão alto. O pulo veio acompanhado de um grito ensurdecedor que quase matou de susto o ratinho e todas as madames.
Formada a confusão, cada qual correu para um lado. O ratinho para o buraco. As madames esbaforidas, chegaram a suas casas e relataram o fato aos seus maridos. Exigiram providências urgentes para matar aqueles ratos, limpar o lugar, jogar veneno brabo.
Enquanto isso, o ratinho, com o coraçãozinho saindo pela boca, contava a sua mãe, que uma mulher feia, grande quase da altura do muro, deu-lhe um susto danado. Assustada e preocupada com a integridade da sua família, a mãe ratazana prometeu saírem daquele lugar imediatamente. Reclamou com o ratão pai que precisavam se mudar para um lugar seguro livre de pessoas esnobes. Como podem se sentirem ameaçadas com seu filhinho inocente, bonitinho e cheirosinho? Além do mais, aquelas nojentas vêm roubar suas hortaliças, o alimento da família.
Tentando convencer o marido, ela relembrou que dias eles haviam roído o jornal com a notícia sobre o político corrupto da rua de baixo. A notícia dizia que o tal político era um “verdadeiro rato nos ministérios”. Ontem, na calada da noite, os ratos presenciaram o tal político enterrar um saco de dinheiro no jardim.
- Marido, se mexe, vamos lá roer o dinheiro dele e mostrar quem é o rato aqui. Já estou enojada de tanto ver aquele ladrão sendo paparicado por todos do condomínio, enquanto nós, que não roubamos nada deles somos constantemente ameaçados.
Abraçou o filhinho e pediu para ele nunca mais sair sozinho.
Após os gritos, pulos e a correria, as plantas sentiram-se aliviadas por ver todos aqueles devoradores herbívoros longe da horta.
- Ufa, teremos mais um dia de vida! - Suspirou uma couve-flor desabrochando-se e se enroscando num robusto pepino em riste.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Neblina e Bomtempo


Hoje quero homenagear alguns amigos de nomes “diferentes”.

Ontem, chegando ao meu trabalho, encontrei a Neblina com mais dois colegas. Ela falava de um artigo homenageando seu nome, escrito pela jornalista Conceição Tavares e publicado no jornal Correio Braziliense. Sempre bem humorada, Neblina contou que ouve muitos gracejos com seu nome, tais como: “Neblina, foi você quem causou aquele engarrafamento na estrada?” ou “Neblina, deixa o sol entrar” etc.

Saindo dali encontrei uma amiga das antigas, cujo nome não conheço ninguém mais. Trabalhávamos nas repartições do Governo do Distrito Federal e há mais de vinte anos não a encontrava. Mesmo depois tantos de anos não esqueci o nome dela: Ormezinda. Como estávamos no meio dos afazeres, falamos rapidamente e lembramos de alguns colegas daquela época. Despedimo-nos desejando boa sorte. Gostei do reencontro.


Meu pai era porteiro do bloco G da SQS 115, em Brasília. Ali morava o Coronel Emílio, a quem muito honramos. Graças ao Coronel, papai - após anos esperando na fila, conseguiu uma casa da SHIS na Ceilândia. Naquela época eu tinha 15 anos e era o caseiro do apartamento 606, onde moravam a D. Léa e o Capitão Raul. Eu cuidava da Mascal. Cadela carinhosa e dengosa. Naquele prédio fiz amizade com os Boamorte. Eu e os dois filhos adolescentes daquela família descobrimos, de bicicleta Monareta, as primeiras curvas dos viadutos no final do eixão sul. Nunca esqueço da bronca carinhosa que levamos da mamãe deles por termos ido a lugar tão perigoso com máquinas revirando montanhas de terra vermelha. A diferença econômica e cultural em nada influenciou a amizade dos Boamorte comigo... A inocência não distingue.

Outro nome que não me sai da cabeça é a Serena. Vi-a somente uma vez, a trabalho. Ela é do Corpo Diplomático de um país caribenho. Negra linda, longilínea, educada e muito inteligente.

Na Universidade de Brasília conheci o Feliz. Ele dizia que gostava de guardar a imagem da pessoa em vida, conversando, sorrindo. Por isso não olhava defunto no caixão. Gostei tanto dessa idéia que desde então velo meus mortos a distância. Não olhei nem meu pai.

Hoje o sol não apareceu. O tempo está chuvoso e frio. Essa neblina fez-me lembrar das irmãs Bomtempo, outro nome muito querido no Centro de Ensino 02 de Samambaia, onde lecionávamos. Com essa lembrança veio uma saudade danada. Vou já telefonar para elas e matar a danada.



quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Deus é mais

Marcelo Yuka é o baterista do conjunto Rappa. Aos 34 anos de idade ele foi atingido por nove tiros quando tentou proteger uma pessoa que estava sendo assaltada no Rio de Janeiro. Um dos disparos atingiu sua coluna e o condenou à cadeira de rodas.
 Numa entrevista ao Programa Conexão Roberto D’Ávila, Marcelo disse que quando estava saindo do coma, e tomando consciência de sua nova condição de cadeirante, sentiu enorme necessidade de “sentir vida” ao seu redor.
Deitado no leito do hospital, o sinal de vida mais próximo era a médica ao seu lado. Em busca de vida ele pegou a mão dela e acariciou. Num gesto brusco a médica tirou a mão, e em tom seco e decisivo, disse: - Sou paga para te ajudar, não ter pena de ti.
Num certo fim de tarde eu e Suzana fomos visitar sua mãe que havia sido internada na manhã daquele dia no hospital Anchieta. Frágil pela idade, mas sem doença grave aparente, esperávamos encontrá-la de alta, pronta para ir pra casa. Infelizmente, um médico trouxe-nos a fatídica notícia que a mãe dela tinha ido a óbito.
Assustada e deixando rolar as primeiras lágrimas, Suzana exclamou: - Não acredito!
Aos berros, num estado de total descontrole o médico a fuzilou com:
- Está me achando com cara de mentiroso? Você acha que estou brincando? Que necessidade tenho eu de mentir?...
Mesmo tendo que administrar a perda da mãe, ela percebeu o descontrole do médico, engoliu o destempero dele e chorou em silêncio, sem uma palavra de conforto do médico nem o direito de saber detalhes dos últimos suspiros da mãe.
Conheço um médico que gabava-se em dizer que às vezes não atendia certas pessoas ou porque estava jogando paciência no computador ou porque estava acompanhando suas ações na bolsa de valores ou simplesmente estava de “pá virada”, como ele mesmo dizia. Ele falava isso de maneira jocosa e não mostrava nenhum arrependimento, ou coisa que o valha, pelo fato de não ter aliviado o sofrimento de alguém. Esse colega é funcionário público bem relacionado, portanto, corria pouco risco de receber uma punição severa.
A vida dele transformou-se quando soube que seu filho, um jovem de 20 anos, universitário, estava com uma doença grave e restavam-lhe poucos dias de vida. Como pai desesperado, gastou todo o dinheiro que tinha na bolsa para curar o filho. Como médico bem relacionado, pediu ajuda aos melhores médicos. Não adiantou. Poucos meses depois o rapaz faleceu. Acho que esse meu conhecido entendeu o cascudo de Deus e nunca mais o vi comentar que desprezara seus pacientes.
Quando dizemos que somos “filhos de Deus”, significa que alguém mais sábio corrigirá nossas atitudes prejudiciais a nós e aos outros.
Não desejo nenhum revés severo na vida da médica do Marcelo Yuka, nem com o médico que berrou com a Suzana. Espero que eles entendam que são grandes, mas Deus é mais.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Marcha contra a corrupção

Na passeata do dia 7 de setembro de 2011 aconteceu um fato histórico em Brasília. Simultaneamente trinta mil pessoas realizavam a “Marcha Contra a Corrupção”. Inspirados na Primavera Árabe que convocou o povo pela internet e derrubou ditadores há décadas no poder, pela primeira vez os brasileiros reuniam-se numa convocação feita através do Facebook. No dia 12 de outubro haverá outra. Sobre esta nova modalidade de convocação discutiremos em outra ocasião. Neste momento quero questionar “contra qual corrupção estamos marchando?”

A corrupção que permite dirigir bêbado e atropelar e matar um inocente? Ou aceitarmos uma escola aos frangalhos ao lado de uma linda agência do Banco do Brasil? Um aeroporto impecável na mesma cidade de um hospital sem a menor condição de atender os doentes? Não seriam corruptos os ministros do Supremo Tribunal Federal que não julgam os políticos enrolados com a Justiça? Não seríamos corruptos ao aceitarmos uma criança fora da escola pedindo esmolas pelas ruas enquanto o país gastará cerca de dois bilhões com a Copa do Mundo para vermos os jogos pela televisão? Ou a marcha foi contra a corrupção dos políticos desonestos?

Pelas entrevistas dos organizadores pareceu-me ser contra esses políticos. Não acredito muito nessas manifestações sem nome, tais como “Vamos salvar o planeta” ou “Vamos salvar a floresta amazônica”, sem considerar as peculiaridades daquela região. No caso da marcha dos corruptos ideal seria nominá-los e fazer a manifestação contra cada um individualmente. Mensalmente eleger-se-iam alguns corruptos. A manifestação teria rostos e nomes. Seria mais impactante do que “Todos contra a corrupção”.

Além de nominar os políticos corruptos, outra sugestão seria uma manifestação com os nomes dos ministros relatores dos processos dos corruptos. A impunidade é um dos fatores que mais contribuem para a corrupção. Se as manifestações começarem a constranger os ministros do STF, acredito que os processos sairão das gavetas.

Enquanto estivermos marchando contra a corrupção generalizada o efeito virá, mas levará muito tempo. Político não teme manifestações generalizadas. Ele treme se vir seu nome estampado no país inteiro. Treme ele e todos os outros.

Cada manifestação teria três nomes e um calendário anual dos próximos nomes. O que mais incomoda o político corrupto é ver suas estripulias na boca do povo. Não tem tamanho o sofrimento do corrupto se em janeiro souber que em novembro seu nome será estampado nos jornais e televisão do Brasil inteiro. É sofrimento o ano todo.

Político não teme o Poder Judiciário, teme o poder das ruas. É do povo que depende o emprego e o poder dele.

Os organizadores da Marcha Contra a Corrupção lamentaram da participação de apenas trinta mil pessoas enquanto quase três milhões de homossexuais caminharam pelas suas de São Paulo defendendo seus direitos. Na manifestação em Brasília nem nossos políticos honestos compareceram.


Por que a passeata gay foi bem sucedida? Porque gay tem nome e eles mesmos foram às ruas. Por que a manifestação contra os corruptos foi um ‘fracasso’? Porque não foram dados nomes aos corruptos e também porque eles não compareceram.